Sessão de pôsteres dos alunos de graduação em Letras da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Carolina Maria de Jesus: escritora, leitora e revisora de si própria
Camille de Lima Silva Batista, UFRRJ, Graduanda do 7º período do Curso de Letras Português/Espanhol
Valeria Rosito. Orientadora. UFRRJ/ Instituto Multidisciplinar GP CNPq/UFRRJ GEDIR - Gênero, Discurso e Imagem.
O presente trabalho trata do olhar analítico que Carolina Maria de Jesus deu aos seus escritos. Uma escritora, leitora e revisora de si própria, Carolina demonstra através de seus diários o cuidado e a atenção que poria em seus registros.
Este introdutório estudo pretende expor como Carolina de Jesus detalhava e aproveitava os espaços de seus cadernos para não somente fazer “correções” relativas à língua , seja pelo acréscimo da marcação de plural, seja por pronome ou por alguma outra palavra, como também para “pensar alto” e organizar sua memória com lembretes e comentários. Ou seja, o trabalho está focado na extensão do corpo Caroliniano, entendido como textos superpostos e marginalia.
Palavras-chave: Carolina Maria de Jesus; manuscritos.
Diálogos com Carolina Maria de Jesus: ficção e documento
Talita Souza da Silva Graduanda do 7º período do Curso de Letras Português/Literaturas; candidata a bolsa PROIC;
Valeria Rosito, Orientadora. UFRRJ/ Instituto Multidisciplinar GP CNPq/UFRRJ GEDIR – Gênero, Discurso e Imagem.
O projeto foi desenvolvido a partir dos diários e romance de Carolina Maria de Jesus. A partir da temática de gênero é possível criar diálogos e contrastes na análise dos textos de Carolina Maria de Jesus, em Quarto de despejo com o romance Dr. Silvio, um inédito disponível nos cadernos manuscritos por Carolina em versão microfilmada, sob a guarda da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. No romance seus personagens estão envolvidos por conflitos sociais e econômicos, assim como na favela. O personagem de Silvio é de uma classe abastada, e com Maria Alice vive um romance. A personagem desempenha um papel feminino subalterno. O projeto busca tecer relações e contrastes nas escritas de Carolina Maria de Jesus. O cotejo entre os discursos dos documentos e da ficção de Carolina serão importantes para a discussão e reflexão da temática feminina para Estudos literários e culturais contemporâneos, uma vez que a ficção desloca os dados biográficos em nova linguagem.
Palavras-chave: Estudos culturais contemporâneos; gênero; Carolina Maria de Jesus.
Espacialidades nos escritos de Carolina Maria de Jesus
Débora Salles dos Santos Pinto
Valeria Rosito, Orientadora, UFRRJ/IM/GEDIR-Gênero, Discurso e Imagem
Este estudo tem como objetivo analisar como a categoria de espaço apresentada na literatura feminina negra. A partir desse fenômeno literário, percebe-se como o espaço físico ou geográfico é capaz de se fundir às personagens formando um todo narrativo. Questões sentimentais, sociais, políticas e culturais frequentemente são associadas ao discurso literário espacial. Trata-se aqui, especificamente, dos espaços apresentados nos escritos da autora negra Carolina Maria de Jesus. Os corpus utilizados são os cadernos manuscritos microfilmados da escritora que estão sob a guarda da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e também do livro Quarto de Despejo: diário de uma favelada. Excertos desses exemplares são examinados sob a perspectiva teórica de Ozíris Borges Filho (2007) com sua concepção de topoanálise, flexionada pelo olhar da estudiosa negra Sueli Carneiro a respeito do trânsito das mulheres negras pelos espaços públicos e privados. É notável como as personagens se fundem com os espaços físicos ou geográficos formando uma espécie de aglutinação entre o cenário e o ser, denunciando fatores internos e externos envolvendo as personagens e retratando simbolicamente a situação e os sentimentos por que passam os moradores da favela através dos espaços trazidos pela narradora-personagem. O espaço maior, favela, e suas adjacências evidenciam a precariedade de vida e a visão estereotipada concernentes àquelas pessoas, o que ratifica a adjunção entre os cenários e os seres na obra literária.
Palavras-chave: Carolina Maria de Jesus; Topoanálise; Estudos de gênero
Uma outra Aparecida: Os quartos de despejo e as salas de visita
Jéssica Santos Ferreira Graduanda do 7º período do Curso de Letras Português/Literaturas;
Valeria Rosito. Orientadora. UFRRJ/ Instituto Multidisciplinar GP CNPq/UFRRJ GEDIR - Gênero, Discurso e Imagem.
O projeto está pautado em uma análise crítica referente à condição de escrita feminina negra nos anos de 1950 e 60 no Brasil. Neste período surge das margens Carolina Maria de Jesus, a escritora negra, semianalfabeta favelada, e torna-se conhecida nacional e internacionalmente pelo recorte dos seus diários feito pelo jornalista Audálio Dantas. O livro, que recebeu o nome de Quarto de Despejo, escritos que evidenciam a insalubridade da favela do Canindé, a rotina de miséria da narradora e os confrontos sociais entre os personagens secundários em sua narrativa. As características que promoveram Carolina à vedete da favela, também, consequentemente, a mantiveram na periferia. No que concerne à entrada no mundo das letras, a escritora favelada – favelada quase como um epíteto, permanece em situação desigual e subalterna em relação aos imortais e hegemônicos do cânone literário. Carolina Maria de Jesus e Clarice Lispector estão bem próximas no tempo e no gênero. No entanto, somente Clarice tem livre trânsito por todos os gêneros literários de sua escolha, enquanto Carolina é interditada na publicação de seus contos, poemas, romances e peças de teatro.
Palavras-chave: Estudos de gênero; Carolina Maria de Jesus; Clarice Lispector; escrita feminina; escrita feminina negra.
“Salve Ela, a ‘Vedete’ da Favela”: Carolina Maria de Jesus – poeta, compositora, cantora e escritora.
Danielle Mariana Maia Rosa, Elisa Maria Silva Coutinho
Valeria Rosito, Orientadora, GP CNPq/UFRRJ GEDIR - Gênero, Discurso e Imagem.
Este trabalho destaca os seguintes pontos: as perspectivas e produções de Carolina Maria de Jesus, após o lançamento de seu livro. O ano era 1960. Juscelino Kubitschek inaugurara a nova capital do Brasil e Carolina Maria de Jesus enveredara a narrativa “marginal”, quando lança o livro Quarto de Despejo. O cenário político, econômico e cultural na década de 60 permitiu que Carolina tivesse reconhecimento e aceitação. No entanto, não conseguiu ser cânone. A valorização e exaltação de sua obra vieram com mais veemência por parte dos europeus, de acordo ainda com Meihy (1996).Carolina Maria de Jesus escreveu também Casa de Alvenaria: diário de uma ex-favelada, poesias, sambas, gravou um vinil, com voz e composições próprias. Além disso, escreveu o livro de provérbios intitulado Pedaços da fome e um romance Dr. Silvio ainda sem publicação. Recebeu vários prêmios, um deles foi uma caneta de ouro presenteada pela empresa Kibon. Prêmio este significante dada a importância desta indústria no cenário econômico dos anos 60 e pelo valor afetivo de Carolina ao objeto, porque eterniza o nome e os escritos da autora.Carolina Maria de Jesus, a “Vedete” da Favela transformou-se em grande atração na década de 60. “Vedete”, porque são pessoas que provêm das margens e quando sobem no palco, transformam-se em personagens glamourosas e elevadas pelo público. Os holofotes são só direcionados, para quem está no palco. Local este, onde Carolina almejava estar. A poeta – como gostava de ser chamada – viveu a maior parte de sua vida a margem da sociedade e viu-se incluída, exaltada no Brasil e na Europa. Ganhou prêmios, participou de vários programas de televisão, era reconhecida e elogiada nas ruas.As subcategorias: semianalfabeta, favelada, mulher negra, mãe solteira e migrante de Minas Gerais são sinais de seu pertencimento à margem social. Cabe ressaltar seu papel de escritora e sua produção literária mais importante que ainda é desconhecida, produzida durante e após a publicação de Quarto de Despejo.Tinha todas as características para manter-se às margens da sociedade, mas preferiu almejar a liberdade de ser escritora, mas por estar no meio, entre o centro e a periferia, não a deixavam seguir com outros trabalhos, que destoavam das narrativas do Quarto de despejo. Seus escritos reivindicatórios, impertinentes refletem problemas sociais persistentes aos nossos dias.
Palavras-chave: gênero; produção literária; escrita feminina negra; anos 60.
Amores rabiscados: diário de uma favelada
Luciano Marques da silva, Membro do GEDIR – Gênero, Discurso e Imagem (GP CNPq/UFRRJ), Discente do Curso de Letras-Português/Espanhol/Literaturas, IM/UFRRJ;
Valeria RositoOrientadora, UFRRJ/IM/ GEDIR – Gênero, Discurso e Imagem (GP CNPq/UFRRJ)
O objetivo deste trabalho é discutir as experiências amorosas de Carolina na favela do Canindé, entremeadas com a certeza de que a escrita feminina é incompatível com os papéis tradicionais de gênero. A escritora se distancia do sujeito negro, favelado, bêbado e violento, e ficcionaliza a relação com os homens "de fora", como, por exemplo, sua "adoração pelo Audálio". Em Quarto de Despejo: diário de uma favelada podemos depreender, da escrita de Carolina Maria de Jesus marcas de sua afetividade. Uma leitura dialógica (Bakhtin, 1981; 2006) da escrita carolineana, sob a perspectiva amorosa, nos permite localizar vozes dissonantes entre a mãe que sustenta uma casa, com três filhos e sem o apoio da figura paterna destes, com a mulher erotizada na pena e na letra. A escritora inconformada com sua condição e a do mundo a sua volta critica o comportamento dos homens da favela, afastando-se destes, rumo a outros sujeitos que correspondam as suas expectativas.
Palavras-chave: Estudos de gênero; literatura feminina; literatura afro-brasileira.
Vidas esquecidas, vidas lembradas: a poesia de Carolina Maria de Jesus
Carolina Stefany de Almeida Silva, Fabiane Aparecida da Silva e Jamilis Machado Vicente graduandas do Curso de Letras Português/Literaturas;
Valeria Rosito. Orientadora. UFRRJ/ Instituto Multidisciplinar GP CNPq/UFRRJ GEDIR - Gênero, Discurso e Imagem.
O pôster apresentado analisa o poema “Vidas” de Carolina Maria de Jesus. Nele a autora fala sobre o fim da vida de importantes personagens mundiais, figuras que são quase que heróicas para um povo. Uma mulher negra, favelada e semi-analfabeta desafia cânones literários, históricos e políticos, ao se inserir como comentarista, literata e interlocutora dessas categorias consolidadas. Refletimos esta trajetória de vida através de seus versos e com quadrinhas poéticas por nós criadas em eco à escritora. A pesquisa parte do princípio da análise do poema “Vidas” de Carolina visando, atribuir à própria autora a mesma importância por ela dada aos grandes vultos da História e da Literatura, elaboramos “quadras-comentários” sobre sua própria vida. Valorizamos assim sua expressão mais estimada, a poesia, em detrimento da superexposição de sua escrita diarística – a que lhe foi selecionada por Audálio Dantas, em agosto de 1960, em um livro intitulado Quarto de despejo.
Lutar com palavras: Ecos dissonantes entre Carolina e Drummond
Felipe de Andrade Constancio; Luciano Marques da Silva & Valeria Rosito
Este trabalho é parte de uma pesquisa maior do grupo de pesquisa GEDIR – Gênero, Discurso e Imagem (CNPq/UFRRJ) e explora como a pena feminina negra cria um espaço de resistência diante do processo de invenção artística. Os manuscritos de Carolina Maria de Jesus expõem esforço autoral dividido entre posições ideológicas relativas, por exemplo, ao sexismo e o racismo, e sua criação estética. Nesse sentido, vimos a necessidade de dialogar essa escrita intimista e individual com a do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade. Guardadas suas posições sociais distintas, ambos os poetas apresentam suas escritas como uma atividade em constante construção. Considerando a questão da autoria a partir das perspectivas dialógica e sociológica, apontamos dois teóricos que direcionaram nossos estudos, são eles: Bakhtin (2009) e Candido (2011), este último tratando mais especificamente da crítica drummondiana.
Palavras-chave: Carolina Maria de Jesus; Carlos Drummond de Andrade;